O Levante do Coletivo Cultural Projeto Marginaliaria, também correu como previsto. Foi bom demais!
Não percam o próximo. Seguem alguns cliks.
Hoje aconteceu em Suzano o Seminário do Fórum de Promoção da Igualdade Racial no Alto Tiête. O Fórum é formado por organizações, entidades e movimentos sociais que atuam com questões voltadas a temática racial.
O seminário aconteceu no Pavilhão da Cultura Afrobrasileira Zumbi dos Palmares e teve por objetivo definir o planejamento das ações para o biênio 2011/2012. Fui convidada pela organização do evento para realizar a abertura. Cantei a música de Wilson Simonal - Tributo a Martin Luther king - que é um ícone mundial da luta pela promoção da igualdade racial. Também receitei o poema Escravidão, de minha autoria, que trata da temática racial.
Foi muito gratificante poder me apresentar um espaço que é fruto da conquista do movimento negro de Suzano. Mais gratificante ainda foi presenciar esse espaço cheio de pessoas dispostas a contribuir com o debate, que é de extrema importância para a comunidade negra.
Sobre o Fórum: Instituído em 2007, o coletivo tem o objetivo de promover ações permanentes no combate às desigualdades etnicorraciais, atuando na articulação, formação, planejamento e execução de ações de implementação da política de igualdade racial na região. Atualmente, compõem o Fórum representantes das cidades de Suzano, Ferraz de Vasconcelos, Biritiba Mirim, Arujá, Santa Isabel, Poá, Itaquaquecetuba e Mogi das Cruzes. Visa a implementação de estratégias e ações nos municípios, por meio das entidades, conselhos, organismos e governos, constituindo uma forte articulação regional pelo combate a toda forma de preconceito e discriminação.
Seguem algumas fotos:
Quando a Dona Morte conheceu titia
Toda desnutrida ela pensou assim:
- Coitada minha filha, esse bebê não vinga
Prepare a mortalha, vai ser logo o fim.
No dia do parto foi um desarranjo
Parteira não tinha lá na região
Titia sozinha fez o próprio parto
Teve infecção e não agüentou não.
Ao entrar em casa, o pobre marido
Viu aquela cena e não acreditou
A sua amada já desfalecida
E aquela frágil criança vingou.
O triste viúvo velou sua amada
E a pobre criança à sorte entregou
Mas antes de ir-se lhe chamou Lazico
E com muita raiva o amaldiçoou:
- Que a Dona Morte esteja contigo
E o leve assim como a sua mãe levou.
Ah, Lazico, cuidado com a Morte, ela quer te pegar!
Eh, Dona Morte, vê se esquece isso, tu vai se cansar!
Os anos passaram e Lazico crescia
Com dificuldades, pois sempre adoecia
Pegou catapora, rubéola, caxumba, sarampo, tétano e difteria
Quando brincava, sempre se lascava
Já quebrou o braço, o fêmur e a tíbia.
Ah, Lazico, cuidado com a Morte, ela quer te pegar!
Eh, Dona Morte, vê se esquece isso, tu vai se cansar!
Quando teve câncer foi mais preocupante
O Doutor falou que esse era seu fim
Todos os parentes já se reuniram
E fizeram vaquinha para o funeral
Novamente Lazico driblou Dona Morte
Pegou o dinheiro pra pular carnaval.
Ah, Lazico, cuidado com a Morte, ela quer te pegar!
Eh, Dona Morte, vê se esquece isso, tu vai se cansar!
Lazico era magro, feio e gago
E mesmo assim era um garanhão
Casou cinco vezes, teve oito filhos
Todos já morreram e ele ainda não
A morte já estava ficando zangada
Pois não conseguia Lazico levar
Agora já era uma questão de honra:
- Ou eu mato ele, ou ele vai me matar!
Ah, Lazico, cuidado com a Morte, ela quer te pegar!
Eh, Dona Morte, vê se esquece isso, tu vai se cansar!
Lazico já estava com mais de cem anos
E estava cansado de tanto viver
Então ele disse para a Dona Morte:
- Acabe com isso, que eu quero morrer!
A Morte já estava tão injuriada, estava cansada de tanto tentar
Então ela disse para o tio Lazico:
- Você me venceu, vou me aposentar!
Débora Garcia