terça-feira, 25 de janeiro de 2011

As meninas



As gargalhadas das meninas
Despertaram-me durante o trajeto
Acordei aborrecida
Querendo dizer algo indigesto!

Abri os olhos, vi as meninas gargalhando
Como são lindas as meninas!
Passei o dia cantarolando!


domingo, 23 de janeiro de 2011

Desabafo


Um dia de angustia, indignação

Com o modo em que se vive

Nesse mundo cão.


Comer para quê?

Dormir para quê?

Lazer para quê?

Amar para quê?


O que importa é trabalhar,

É isso o que importa!

Feliz ou descontente

Com dor na barriga, ou nos dentes

É isso o que importa!


O mundo não para

Assim como a máquina

Que não se cansa, não sente, não ama

Mas nós, cansamos, sentimos, amamos...

E, também, quase nunca paramos.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Cativo


O meu amor é cativo

Só se concretiza na surdina das alcovas

Dos amantes clandestinos como eu.


domingo, 16 de janeiro de 2011

Engrenagem


Cadê você pensamento?

Aonde é que você está?

Aonde é que foi parar?

Pois nesse meu tormento

Não consigo te escutar!


Eu acordo pensando em trabalhar

Pois o relógio me grita sem cessar

Pra minha labuta começar.


E marchando com os outros

Vou trabalhar

Apertada nos trens a estourar

Sacolejar, sacolejar.


E de dia não é outra a rotina

Esticar, costurar, cortar, limpar

Lavar com água e sabão

Lustrar chão.


E o relógio de novo a apitar

Já está na hora de almoçar

Engulo a comida sem degustar

Abastecer, manutenção, meu irmão!


Novamente o carrasco a se esgoelar

Esticar, costurar, ensaboar

Meu corpo entorpece

E eu não consigo

Meus pensamentos escutar.


Cadê você pensamento?

Aonde é que você está?

Aonde é que foi parar?

Pois nesse meu tormento

Eu não consigo te escutar.


Angustiada, juro, estou

Pois sem você

Máquina sou.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Àrvore


Meu homem

Tem um cheiro que reconheceria em meio a tantos outros

De sua seiva não me canso de provar.


Sua pele – Casca - a reconheceria, com apenas um toque

Seu corpo – Tronco - poderia reproduzí-lo como um oleiro que molda a massa disforme

Cada músculo, cada curva...


Em seus cabelos – Cipós - me seguro com força, quando nos amamos

Seu sorriso descortina alvos ladrilhos que trilham o caminho para a felicidade

Seus olhos – Oásis - em ti bebo a água da vida.


Em seus braços – Rede - deito e durmo tranqüila.

Balanço, mas sei que não vou cair

Mas, se cair, suas mãos – Galhos - irão me segurar.


E se o tombo doer e eu chorar, suas mãos – Mágicas - tocarão uma canção para me alegrar.


O vento te trouxe – Semente - no ar

Cai em mim - Terra fértil - vem me fecundar

E com seus pés - Raízes - nosso caminho germinar.