Novembro
é um mês atípico para qualquer artista, pesquisador (a), escritor (a) negro (a),
ou não negro (a), mas que tenha a sua linha de atuação voltada para as
afrobrasilidades. Para mim é um mês de celebração, de muito trabalho e também
de muitas reflexões acerca dos posicionamentos, quase sempre arredios, da
sociedade brasileira a tudo o que se refere à valorização da população negra.
Pasmem, até um feriado (algo que é sempre tão esperado e comemorado por todos)
é questionado. Eu sugiro que aqueles que são contrários ao feriado da
Consciência Negra trabalhem normalmente, enquanto estaremos em nossas
celebrações e atos políticos.
O
fato de sermos tomados por uma enxurrada de convites no mês da consciência
negra é motivo de alegria e não deixa de ser uma forma de reconhecimento, mas
por outro lado, me diz muito sobre modus
operandi da sociedade brasileira e me leva a questionar se há a real
disposição para discutir a pauta da questão racial no Brasil ou é algo
pró-forma para cumprir a agenda nacional de festividade.
Isso
somente o tempo revelará, mas o que está posto para mim é que cabe a cada um de
nós que vamos ocupar esses espaços, fazer o debate acontecer de uma maneira
mais qualificada, aprofundando questões complexas que não raro, são abordadas
de forma rasa e tendenciosas pela mídia.
Quando
avalio a pauta da questão racial eu tenho a certeza de que 2015 foi um ano
histórico por diversos fatores, mas especialmente pelo fato de termos
conseguido manter a nossa pauta ao longo de ano, não somente pelos tristes e
recorrentes casos de racismo, discriminação, abuso de poder ou homicídios; mas
pelas respostas a esses acontecimentos. Não nos calamos, e mais do que denunciar,
nos mobilizamos individual e/ou coletivamente. Tivemos a “Marcha o Orglho
Crespo” em São Paulo, tivemos uma grande e histórica “Marcha contra o Genocídio”
em Salvador, cujo lema foi “Reaja ou será morto, Reaja ou será morta”; e no dia
18 de novembro teremos a primeira Marcha Nacional das Mulheres Negras em
Brasília. Fatos históricos e fundamentais para o nosso processo de
empoderamento.
Em
fim novembro começou, as festividades também, e os embates, apenas continuam. Quem quiser e puder me acompanhar nessa
caminhada, compartilho minha agenda de trabalho.
Axé!