quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Paisagem


Nas ruas dessa cidade de opulências mil

Vive um lado escuro do Brasil

Escuridão que se estampa, não somente na pele de cada negro indigente,

Que perambula pela cidade indiferente.


Escuridão que emana de forma torrente

E expressa o desespero dessa gente

Que teima, teima em ser gente!

Mas... é apenas paisagem.


São pretos ou quase todos pretos

Que se tornam pretos ao se fundirem à paisagem da cidade

Com suas almas, corpos e roupas pretas de sujeira - a sujeira da indiferença!


O céu preto de poluição

Compõe a paisagem com prédios cinza, sacos de lixo, pombos, gente, lixo... lixo de gente!


Estátuas de concreto ilustram gente imponente

Gente impotente ilustra a concretude do futuro incerto

E tudo permanece como sempre

É apenas a paisagem... apenas estátuas de concreto.

2 comentários:

  1. Essse poema é declamado no Cd de Literatura. Foi escrito em 2005, diante da minha angustia em ralação à imensa população em situação de rua na cidade de São Paulo.
    Infelizmente faz parte da paisagem de nossa cidade, pois são ignorados por nós e pelas autoridades que fazem muito puco para que as políticas públicas para essas pessoas se efetivem.
    Escrever é minha forma de protesto e desabafo, mas uma ação que não alcança as pessoas as quais me refiro.
    É preciso muito mais...

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  2. O grande poeta Fernando Pessoa disse: Todo estado de alma é uma paisagem. Há em nós um espaço interior onde a matéria da nossa vida física se agita. E mesmo que não queira admitir que todo estado de alma é uma paisagem, pode ao menos admitir-se que todo estado de alma se pode representar por uma paisagem.
    Assim seja qual for o nosso estdo de alma sofre um pouco da paisagem que estamos vendo. Escrever bem minha amiga e poeta Débora, como este texto é representa uma paisagem interior,com um semtimento simples e puro, pra que seja vista no exterior.

    Parabens pelo texto.

    Seu amigo poeta e fã.

    Francis Gomes

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